domingo, 14 de junho de 2009

Porta-Memórias

Tava pensando no tal "efeito memória", muito comum em baterias recarregáveis, quando a dita cuja se recusa a aceitar toda a carga que vc quer dar nela, não pq está de birra, mas por causa daquelas "carguinhas" rápidas que vc dá quando está no sufoco. Isso deixa a bateria preguiçosa e incapaz de entender que cabe nela bem mais do que ela pensa que cabe.

Agora me ocorreu que a nossa memória também deve ter um "efeito bateria". Como? Oras, se a memória não for recarregada de tempos em tempos, perde a capacidade de lembrar. Será?

Cada vez mais acho que as minhas mais profundas lembranças que remontam à mais tenra infância só existem pq de tempos em tempos eu penso nelas. Daí pode-se concluir que os fatos que eu descreveria hoje numa viagem ao passado não são as memórias originais e sim a edição revista e atualizada delas. Isso é ruim? Talvez, pq dependendo do nível de fantasia na cabeça, vc pode produzir os fatos mais estapafúrdios a partir de memórias de fatos absolutamente comuns. Isso é bom? Também talvez, pois pode-se adaptar memórias ruins pra ficarem um pouco mais palatáveis e um pouco de fantasia nunca fez mal a ninguém.

Independentemente dessa viagem aí de cima, tenho procurado revisitar minha memória de tempos em tempos, quase como passatempo.

Hoje tava tentando me lembrar da primeira vez que fui ao cinema. Não sei se foi em "Mogli o menino lobo" que vi com meus pais no Drive In da Lagoa, com o Passat branco parado de ré e os bancos traseiros rebatidos pra todo mundo ver melhor, ou se foi "Bernardo e Bianca", não me lembro onde.
O primeiro filme de verdade acho que foi E.T. e a primeira vez que entrei num cinema pra ver um filme que não era "censura livre" foi pra ver "Os Caça-Fantasmas". Foi tb quando tomei um dos maiores sustos da minha vida na cena do fantasma na biblioteca e cheguei à conclusão que eu, aos oito ou nove anos de idade, ainda era muito novo pra ver os filmes destinados aos adultos de dez.

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